Carlos Madeira desiste da candidatura a prefeito de São Luís
O ex-juiz federal José Carlos Madeira, do Solidariedade, anunciou nesta quarta-feira (7) que não é mais candidato a prefeito de São Luís.
Ele apontou problemas de saúde para a tomada de decisão.
Madeira contraiu Covid-19 pouco antes da convenção que oficializou seu nome no Solidariedade. na ocasião, ele chegou a participar de forma remota do ato político, uma vez que porque ainda estava internado.
Já na campanha – e recuperado da doença – precisou, no entanto, suspender atividades porque sentiu um desconforto respiratório.
Numa “carta ao povo de São Luís” ele explicou que esse problema pode ter sido uma das consequências da infecção pelo novo coronavírus.
“Hoje retiro a minha candidatura a prefeito de São Luís, por não ter condições físicas de dar continuidade à intensa agenda de compromissos que eu, antes de qualquer outro candidato, fiz questão de não apenas assumir, mas de registrar publicamente em cartório”, destacou.
CARTA AO POVO DE SÃO LUÍS
A convite de amigos, e por sugestão de pessoas simples, representantes da periferia e da zona rural, decidi aceitar o desafio de concorrer à Prefeitura de São Luís nas eleições de 2020. Trouxe comigo as minhas origens, a história de vida, a minha biografia e o desejo de trabalhar ainda mais pela nossa cidade.
Os caminhos que percorri nesses meses de pré-campanha e os primeiros dias de candidatura oficializada não foram fáceis, porque, ao lado de um time de pessoas sérias, éticas, combativas e independentes, compreendi que a luta só valeria a pena se todos abraçassem um projeto de mudança efetiva para São Luís, com uma arrojada pauta de justiça social para todas as áreas da administração municipal.
A pré-campanha foi interrompida ainda no início, por quase três meses, com as restrições decorrentes da pandemia. E no meio do caminho, antes mesmo da nossa convenção partidária, fui alcançado pela Covid-19.
Fiquei por duas semanas em isolamento, cumprindo a quarentena até receber a confirmação de que a carga viral estava zerada. Perdi cerca de oito quilos em 12 dias de hospital. Mesmo frágil físicamente, tomei a decisão de retomar os compromissos de campanha em respeito ao povo, ao partido Solidariedade e à nossa militância.
Não sabia que o pior ainda estava por vir. Dia após dia a fadiga foi me consumindo e comprometendo a minha fala e o meu raciocínio. Só depois fui informado pelo médico que acompanha o meu caso, Dr. Serafim Gomes de Sá, de que a minha dificuldade respiratória era apenas mais uma das muitas consequências possíveis do coronavírus, aquilo que a ciência está chamando agora de Síndrome pós-Covid.
Quem conhece a minha história sabe que jamais me esquivei de responsabilidades. Mas, aconselhado pela minha esposa, pelos meus filhos e por médicos que acompanham o meu caso clínico, e em nome da minha saúde, tive que tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida: abrir mão de um projeto que hoje reputo coletivo, porque não é mais do Madeira, mas de tantas e tantas pessoas espalhadas pelos bairros e pela zona rural dessa cidade que tanto amo.
Informo, portanto, que hoje retiro a minha candidatura a prefeito de São Luís, por não ter condições físicas de dar continuidade à intensa agenda de compromissos que eu, antes de qualquer outro candidato, fiz questão de não apenas assumir, mas de registrar publicamente em cartório.
Chego até aqui sem qualquer decepção ou mágoa, mas com muita gratidão aos meus familiares e tantos amigos. Agradeço o apoio de todos que trabalharam comigo até agora – equipe de coordenação, militância e candidatos a vereador. Agradeço a compreensão dos nossos eleitores, sobretudo. Agradeço ao Capitão Jeremias, meu companheiro de chapa, pela caminhada leal e destemida.
Agradeço ao meu partido, o Solidariedade, pela acolhida e pelas trincheiras de luta que conseguimos erguer, juntos, em tão pouco tempo. Continuarei na política, como presidente do diretório municipal de São Luís, e no momento oportuno reiniciarei minha jornada partidária na busca permanente por dias melhores para o nosso povo. Porque, como Martin Luther King, continuo acreditando que “pior que o grito dos maus é o silêncio dos bons”.
Como aprendizado, levo para a vida a lição de que, para recuar de uma batalha, é preciso antes de tudo ter humildade e sabedoria para reconhecer os riscos. Faço opção por cuidar da minha saúde. E, se puder oferecer apenas um conselho, direi a todos: cuidem-se! O vírus ainda está no nosso meio e as sequelas da Covid-19 são imprevisíveis. Que Deus nos proteja!
São Luís, 7 de outubro de 2020.
José Carlos do Vale Madeira.