Quem vai mais longe: Weverton Rocha ou Carlos Brandão?
O assunto que tem dominado a política maranhense nos últimos meses é a sucessão do governo Flávio Dino, que pulverizou a oposição no estado nos últimos 7 anos. A resultante óbvia desse inédito arranjo de forças no Maranhão é a concorrência de todos os pré-candidatos por dentro do grupo governista. Até agora, os nomes postos são os de Carlos Brandão, Weverton Rocha, Edivaldo Holanda Júnior, Simplício Araújo, Josimar Maranhãozinho e, recentemente, Felipe Camarão. Com candidatos com perfis e pesos tão diferentes dentro do mesmo grupo, fica o questionamento: é possível que o Dino consiga construir a unidade na base? Da forma que se processou até o momento, acredito que não.
Todo governo que se aproxima do fim perde sua força. Este é um fenômeno comum a todos os governos. É preciso, durante o processo de transição, para sinalizar a continuidade, apontar um caminho. Até o momento, Flávio tem sido muito reservado nesse sentido, apesar de os sinais, cada vez mais evidentes, apontarem para o apoio a Carlos Brandão, vice-governador que tem sido extremamente leal e cuidadoso com sua função nos últimos anos.
Na outra ponta, há a pré-candidatura de Weverton Rocha, senador da República que teve expressiva votação na última eleição. O grupo de Weverton criou um argumento muito frágil em relação àquela votação, tendo em vista que Lobão, em 2010, obteve 1,7 milhão de votos e Roseana, apenas 1,45 milhão. É óbvio e esperado que um senador, numa eleição em que o votante tenha direito a duas escolhas, tenha mais votos do que o governador do Estado… nada de novo até aqui. Contudo, é inegável o poder de articulação e de mobilização de Rocha neste período de pré-campanha. Inclusive, neste sábado (14), será o lançamento oficial de seu projeto, em Imperatriz.
Rompeu a barreira do esperado, recentemente, o lançamento do projeto do ex-prefeito Edivaldo Holanda Júnior aos Leões por um partido de oposição a Flávio Dino. Mesmo diante deste inusitado ocorrido, Holanda garante que terá Dino como seu senador. Completamente desconhecido no interior do Estado, mas ainda navegando em uma popularidade satisfatória em São Luís, fruto de investimentos em obras públicas de asfaltamento e construção de praças, da ordem de 300 milhões de reais conseguidos pelo maior empréstimo da história da prefeitura, Holanda Júnior larga bem na corrida sucessória. É muito improvável, dado o seu conhecidíssimo histórico de isolamento na prefeitura durante seus 8 anos de mandato, que consiga agregar forças políticas de peso, até porque a psicologia enquanto ciência mostra que após a idade adulta seja desafio árduo uma mudança de temperamento. Mesmo assim, Júnior confia na ampliação das bases no interior a partir do segmento evangélico, que computa 25-30% do eleitorado no estado.
Se Weverton disse na sexta-feira, em Imperatriz, que o foguete dele não dá ré, ninguém tem o direito de dizer a Carlos Brandão, que é há 7 anos copiloto de uma espaçonave com 35 secretarias e agências, milhares de cargos e mais de um bilhão de reais em investimentos, que ele, na condição atual de copiloto, não poderá pilotar esta espaçonave por mais quatro anos. Sem dúvidas, não será Brandão, sertanejo e paciente, que já foi chefe da Casa Civil, deputado federal duas vezes e 7 anos vice-governador, a abrir mão da disputa.
Se esperam unidade tratorando quem se legitimou no curso do processo, terão dificuldade em se manter juntos. Todos os aliados são muito bem-vindos, mas caso Edivaldo e Weverton percam o timing, não tenho dúvidas de que se abre uma grande janela para o posicionamento de Felipe Camarão como vice de Brandão, formando uma chapa de peso entre PT e PSDB, que agrada bastante aquele que, com seus quase 70% de aprovação, é o principal cabo eleitoral da eleição: Flávio Dino de Castro e Costa.
Acompanhemos os próximos capítulos dessa odisseia “espacial”!
* Yglésio Moyses é médico, bacharel em Direito e deputado estadual.