- Thiago Azevedo
- 14 de dezembro de 2022
“Se existe a minha filha, existem várias. Várias pessoas passando por isso” diz mãe de adolescente que acusa vereador de suposto assedio
A mãe da adolescente, de 14 anos, que supostamente foi assediada pelo vereador de São Luís, Domingos Paz (Podemos), falou pela primeira vez sobre o caso nesta terça-feira (13), menos de 24 após as primeiras denúncias.
“Se existe a minha filha, existem várias. Várias pessoas passando por isso. Se eu dizer que não tive estou mentindo. Eu tive medo. Porque é uma pessoa bem popular, tem dinheiro, tem gente a favor dele, entendeu? E eu só tenho Deus, é o maior de tudo, né?”, disse a mulher.
A mulher, que não quis se identificar, disse que começou a ter contato com vereador durante a campanha eleitoral deste ano. Ela conta que após o período eleitoral, Domingos Paz havia prometido emprego para ela e para os filhos, dois adolescentes de 14 e 16 anos, quando as investidas começaram.
“Ai eu fui e falei para ele que eu não aceitava isso, porque eu sou uma mãe que eu já vivi só com meus filhos. Hoje eu tenho um companheiro, mas já vivi só. Sempre trabalhei, sempre lutei, mas nunca precisei vender meu corpo e nem o corpo das minhas filhas para me manter elas”, conta.
Nas mensagens enviadas à mulher, o vereador questiona se ela vai ‘dar’ a menina para que ela pudesse ser ajudada. Domingos Paz também pergunta se a adolescente é ‘tímida’ e pede para a mãe ‘conversar com ela, para depois não ter frescura.
Ainda nas mensagens, o vereador promete dar a mulher R$ 300 reais para a compra de uma máquina de costura e que o dinheiro seria entregue em mãos. Ele também promete um celular, caso o encontro dê certo.
A mãe da menina prestou depoimento nesta terça-feira (13), na Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA), em São Luís. Ela chegou ao local acompanhada dos advogados, que acompanham o caso.
“A caracterização do crime acontece justamente no momento em que ele oferece em troca dinheiro ou celular para a adolescente, para ajudar ela, de alguma forma que no início ele trata como ajuda, mas depois ele revela o real interesse na menor, que era de sair com ela com o consentimento da mãe”, disse Jurandir Teixeira, advogado.
Outras vítimas
A denúncia contra o vereador Domingos Paz incentivou outras mulheres a procurarem a Polícia Civil. Mais quatro depoimentos estão previstos para esta quarta-feira (14), na sede da Casa da Mulher Brasileira.
Após ter rebatido as acusações de assédio, no plenário da Câmara de Vereadores, Domingos Paz não participou da sessão, nem mesmo de forma remota. Dos 18 parlamentares presentes na Câmara de Vereadores, nenhum comentou sobre o caso.
Comissão de Ética
A Comissão de Ética, da Câmara Municipal de São Luís, diz que não recebeu formalmente as denúncias contra o vereador Domingos Paz e por isso, nenhum procedimento foi aberto até o momento.
“Lá na Câmara nenhum pedido que chegou ao Conselho de Ética ou a mesa da casa, então é aguardar que esse pedido chegue. E se porventura chegar, aguardar também da justiça que com certeza a Câmara não irá se furtar do seu papel de dar esclarecimentos à sociedade”, explica o vereador Nato Júnior (PDT), da Comissão de Ética da Câmara Municipal de São Luís.
O caso está sendo acompanhado pela Casa da Mulher Brasileira e pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA).
“Ainda tem muitas testemunhas para serem ouvidas, inclusive foram citadas outras pessoas que passaram por esse tipo de situação com essa pessoa que foi emputada esse crime, então nós precisamos ainda ouvir essas pessoas todas. A gente vai buscar todas essas evidências para poder juntar nessa investigação e chegar a conclusão se há prova suficiente de autoria e de materialidade, para que se encaminhe essa investigação para o judiciário”, explicou Kasumi Tanaka, coordenadora das Delegacias da Mulher.
Procurado novamente, o vereador Domingos Paz disse a justiça está cuidando do caso e não vai se manifestar para não atrapalhar as investigações.
Por TV Mirante
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