Fracassa audiência de conciliação e impasse da greve de rodoviários continua
Não houve qualquer avanço na audiência de conciliação realizada na manhã desta sexta-feira (22), na Justiça do Trabalho, entre representantes dos sindicatos dos Rodoviários, das Empresas de Transportes de Passageiros (SET) e da Prefeitura de São Luís para tentar por fim ao impasse que levou à paralisação total da frota de ônibus de São Luís desde quinta-feira (21). Sem acordo, a greve continua por tempo indeterminado, com todas as suas consequências negativas, especialmente para economia local, que passava por um momento de recuperação, após um ano e meio de pandemia da Covid-19.
Segundo fonte do blog presente à audiência , a Prefeitura de São Luís insiste em judicializar a questão, em vez de intermediar uma solução entre as partes, de modo a fazer valer a sua prerrogativa legal e as medidas previstas no contrato da licitação do transporte público da capital, em vigor há quatro anos.
Irredutível quanto a possibilidade de pacificação do litígio pela via da negociação, a administração municipal reiterou o pedido de aplicação da multa diária de R$ 50 mil arbitrada pela Justiça do Trabalho aos dois sindicatos caso a greve não seja suspensa imediatamente. Por sua vez, os rodoviários não garantiram o retorno ao trabalho, o que mantém a perspectiva de caos e perdas financeiras em vários segmentos, sem qualquer previsão de normalização do sistema de transporte público.
Prejuízos já são sentidos
Desde ontem, os setores produtivos, como lojas do comércio de rua, shoppings, supermercados, bancos, lotéricas, bares, restaurantes e tantos outros nichos econômicos sentem os impactos da queda de movimento, em razão da dificuldade de locomoção dos consumidores. O vazio na capital faz ressurgir, com mais força ainda, o cenário de retração financeira vivenciado no auge da pandemia.
Se a postura radical de motoristas e cobradores pode ser considerada lamentável, da mesma forma, a omissão da gestão municipal também é digna de duras críticas. Com a missão constitucional de trabalhar pelo bem-estar dos cidadãos, a prefeitura vai no caminho inverso, que em nada contribui para que os direitos e garantias sociais sejam concretizados.
Caso parecido
Caso não haja uma saída para o impasse do transporte público de São Luís a curto prazo, a capital maranhense corre o risco de sofrer os mesmos impactos que devastaram a economia de Teresina, capital do vizinho estado do Piauí, que desde ontem enfrenta uma greve de ônibus. Na paralisação anterior, os trabalhadores rodoviários cruzaram os braços por mais de 45 dias, causando graves danos a várias atividades. Demissões, endividamento, aumento da violência e até fome foram algumas das consequências e até hoje a cidade ainda não se recuperou.
Tal como a capital piauiense, São Luís caminhará no rumo do caos econômico generalizado se não houver boa vontade e desprendimento do poder público municipal para mediar uma solução.
Em tempo: é importante lembrar que a pandemia ainda não acabou e que seus efeitos danosos à atividade econômica se acumularão com as perdas geradas pela greve do transporte se a intransigência persistir.
Em tempo 2: os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 13%, inclusão de mais um dependente no plano de saúde, tíquete-alimentação de R$ 800, auxílio-creche e outros benefícios. As empresas, por sua vez, alegam não ter condições de atender a pauta, em razão dos sucessivos aumentos do óleo diesel, do fim do programa de incentivo do Governo Federal e de outros fatores desfavoráveis.