Ricardo Cappelli, à espera de uma nova ‘surpresa’
Às vésperas do primeiro aniversário dos atos golpistas de 8 de janeiro, o secretário-executivo do Ministério da Justiça Ricardo Cappelli já revelou que foi pego de surpresa quando o seu chefe, Flávio Dino, futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o convocou às pressas para que assumisse o cargo de interventor na segurança pública do Distrito Federal após o quebra-quebra nas sedes dos Três Poderes, em Brasília.
A nomeação catapultou o nome de Cappelli no círculo político e hoje ele é cotado para assumir o comando do Ministério da Justiça. Se isso acontecer, seria uma nova “surpresa” para alguém que até antes do atual governo não tinha nenhum trânsito no núcleo decisório.
Em depoimento a VEJA, Flávio Dino lembrou assim o episódio que culminou com a escolha de Cappelli como interventor: “Na primeira versão, a intervenção era no DF, mas depois o presidente pediu para ser somente na segurança do DF. Lembrei que, como senador diplomado, eu não poderia ser interventor, refizemos com a intervenção na segurança e com o Cappelli de interventor. Chamei o Cappelli e disse para ele assumir fisicamente o comando. Ele não estava assim muito feliz. Estava tenso, era uma situação hostil”. “Eu disse que era para prender todo mundo. Tem uma história que o Cappelli dizia para os PMs: ‘avança e prende, avança e prende, avança e prende’. Isso virou um bordão”, completou.
O PT, que nunca engoliu o extrovertido Flávio Dino em uma das pastas de maior visibilidade na Esplanada, trabalha sem discrição contra o ministeriável e prefere nomes como o do ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski.
Detectada a projeção que lhe deu o cargo de interventor, Ricardo Cappelli, assumiu a linha de frente da pasta em anúncios de governo, foi designado para monitorar a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro e há meses tem sido incentivado pelo PSB, partido a que é filiado, a trabalhar uma possível candidatura ao governo do Distrito Federal. Se o projeto for concretizado, ele deve bater de frente contra uma política com quem construiu relações amistosas no 8 de janeiro, a vice-governadora do DF Celina Leão, que pretende disputar o Palácio do Buriti em 2026.
Fonte: Veja