Durante o evento “Democracia 40 anos, conquistas, dívidas e desafios”, realizado pela Fundação Astrojildo Pereira, Cidadania, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, com apoio do Correio Braziliense,o ex-presidente José Sarney afirmou que o Brasil não passa por crise na democracia após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
“Nós não temos crise nenhuma, estamos em plena democracia funcionando, como todo país funciona. Nos Estados Unidos eles tiveram quase que a mesma situação e não abalou a democracia americana e aqui também não. Porque nós estamos com as instituições muito fortes, das forças armadas, do poder civil, do Congresso, dos tribunais. E a sociedade funcionando livremente. Estamos em um clima de absoluta liberdade, que conquistamos, o povo brasileiro, através da transição democrática. Agora o que devemos ter presente é sempre aquilo que nós — e eu fui membro da UDN antigamente — o que nós tinhamos como bandeira: o preço da liberdade é a eterna vigilância, afirmou.
Questionado sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) da suposta tentativa de golpe pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Sarney enfatizou que a Corte tem independência e liberdade institucional para julgar o que achar ser culpado.
“Acho esse acontecimento extremamente danosos, e ao mesmo tempo repugnanados pelo povo brasileiro e por todas as classes. Mas nós tivemos a certeza de que as instituições, criadas por nós, foram tão fortes que já atravessaram dois impeachments, uma tentativa de mudança do estado de direito, no dia 8 de janeiro, e agora livremente o nosso Supremo Tribunal está julgando o que ele apurar que seja culpado”, afirmou.
Em entrevista recente ao jornal O Globo, o ex-presidente José Sarney (94) fez duras críticas à atual configuração do Congresso Nacional, afirmando que a multiplicação de partidos sem raízes históricas resultou em uma falta de liderança efetiva. Para ele, a ausência de figuras com grande expressão nacional enfraqueceu a democracia e o sistema político brasileiro.
Sarney apontou a extinção dos partidos políticos fortes após o golpe de 1964 como um dos maiores danos à política nacional. “Sem partidos fortes, não há uma democracia forte”, declarou, destacando que a verdadeira disciplina partidária deve ser aquela que respeita a democracia interna e constrói lideranças sólidas. O ex-presidente também sugeriu que o Brasil adote o parlamentarismo, citando o modelo francês com voto distrital misto, como uma alternativa mais eficaz para o país.
Em um tom de defesa do governo atual, Sarney afirmou que, apesar das dificuldades enfrentadas por Luiz Inácio Lula da Silva, ele ainda é o líder com maior apoio popular no Brasil. “Entre os candidatos que estão colocados, Lula é o homem que tem a maior popularidade, a maior confiança do povo brasileiro”, disse o ex-presidente, reforçando que o MDB deveria apoiar a reeleição de Lula em 2026.
Sobre a democracia brasileira, Sarney reconheceu os riscos enfrentados durante o período de transição entre os governos de Bolsonaro e Lula, citando o 8 de janeiro como um dos momentos de maior pressão sobre as instituições. No entanto, ele enfatizou que as instituições brasileiras se mostraram robustas, conseguindo resistir a dois impeachments e outras ameaças à democracia.
Sarney também refletiu sobre sua própria trajetória política, afirmando que sempre foi mais prudente em suas decisões. Ao comentar sobre a possibilidade de Lula disputar novamente a presidência, ele destacou que “é melhor sair muito bem do que já velho”, dando a entender que a manutenção de uma imagem positiva é essencial na política.
A deputada federal Roseana Sarney (MDB) foi nomeada nesta quinta-feira, 30, como secretária de Assuntos Legislativos no governo de Carlos Brandão (PSB). O cargo vinha sendo ocupado pelo ex-deputado estadual Raimundo Cutrim, que permaneceu na função por menos de um mês.
Com a posse, Roseana deixa a Câmara dos Deputados, abrindo espaço para o primeiro suplente do MDB, Hildo Rocha. A nomeação reforça a aliança entre o MDB e o governo estadual, consolidando a presença da ex-governadora em um papel estratégico na articulação política.
O ex-presidente do Brasil José Sarney lamentou a morte ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence, aos 85 anos. Em nota, ele afirmou que o magistrado, classificado como “um amigo de longos anos”, foi “um dos maiores juristas da História”. Sarney foi o responsável por nomear Pertence como ministro do STF e também ao cargo de procurador-geral da república.
“Foi com intensa comoção que recebi a notícia do falecimento de José Paulo Sepúlveda Pertence. Perde o Brasil um dos maiores juristas de sua História, um dos maiores magistrados que já passaram pelo Supremo Tribunal Federal, o consolidador do Ministério Público Federal, o brilhante advogado, o defensor do direito; perdemos, eu, minha mulher, minha família, um amigo de longos anos, uma extraordinária criatura humana, o observador arguto da vida pública, o intelectual completo, o caráter sem jaça, o exemplo de integridade moral”, diz o ex-presidente no texto.
O jurista estava internado havia cerca de uma semana no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, e sofreu falência múltipla dos órgãos. Pertence tinha problemas pulmonares por ter fumado durante toda a vida, inclusive cachimbo, hábito que ele abandonou com o nascimento da neta, em março de 2010.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros do Supremo e outras autoridades lamentaram neste domingo a morte do jurista. Em seu texto, o petista afirmou que Pertence foi um dos “maiores juristas da história do Brasil” e que foi um privilégio tê-lo como “amigo e advogado”.
“Sempre atuou pela defesa da democracia e do Estado de Direito, como advogado e também como ministro do Supremo Tribunal Federal. Por isso, era respeitado por todos. Neste momento de perda, meus sentimentos aos seus familiares, em especial aos seus filhos, aos amigos e admiradores”, escreveu o presidente.
O corpo do ministro aposentado será velado no Salão Branco do STF a partir das 10h desta segunda-feira. O magistrado era tido com uma unanimidade nos meios jurídico e político do Brasil.
Leia na íntegra a nota de José Sarney
Foi com intensa comoção que recebi a notícia do falecimento de José Paulo Sepúlveda Pertence. Perde o Brasil um dos maiores juristas de sua História, um dos maiores magistrados que já passaram pelo Supremo Tribunal Federal, o consolidador do Ministério Público Federal, o brilhante advogado, o defensor do direito; perdemos, eu, minha mulher, minha família, um amigo de longos anos, uma extraordinária criatura humana, o observador arguto da vida pública, o intelectual completo, o caráter sem jaça, o exemplo de integridade moral.
Deus me deu a oportunidade de nomeá-lo, não por amigo, mas por mérito indiscutível, para dois dos principais cargos do Estado: Procurador-Geral da República e Ministro do Supremo Tribunal Federal. Em ambos sua presença está registrada como dos pontos mais altos destas instituições.
Nos conhecemos quando era muito moço, por amigos comuns como Carlos Castello Branco e José Aparecido de Oliveira; e ao mesmo tempo por sua ligação com Victor Nunes Leal, com quem trabalhou e por quem eu tinha grande estima e admiração.
Inconsoláveis, Marly, meus filhos e eu partilhamos com seus filhos Evandro, Eduardo e Pedro Paulo e toda a família a tristeza dessa ausência, mas sabendo que teremos para sempre a presença de sua inteligência e sua amizade.