• Thiago Azevedo
  • 10 de março de 2022

PSB não participa da federação com PT, PCdoB e PV


O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, anunciou nesta quarta-feira (9) que a sigla não integrará a federação partidária em negociação com PT, PCdoB e PV. A federação prevê que as siglas ficarão unidas ao longo de quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal.

A decisão foi anunciada ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffman, após a quarta reunião entre os quatro partidos, na qual não houve acordo em relação às exigências do PSB para integrar a federação. As decisões tomadas nesta quarta serão levadas aos diretórios estaduais de cada partido, que precisam chancelar a posição das cúpulas de cada sigla.

“Não há decisão de ingressarmos agora na federação porque esse assunto não está maduro para o PSB”, disse Siqueira.

Mesmo assim, o partido deverá fazer uma aliança eleitoral com o PT. O PSB deverá receber a filiação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB. A intenção é que Alckmin seja o candidato a vice na chapa para a Presidência da República encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “As quatro agremiações, PT, PSB, PC do B e PV, têm unidade na construção de uma frente para enfrentar Bolsonaro e reconstruir o Brasil, unidos na candidatura Lula presidente”, informaram os quatro partidos em nota.

“Em resposta ao atual momento político, o PT, PCdoB e PV decidem caminhar para construir a federação e continuarão dialogando com o PSB em busca de sua participação, bem como o envolvimento de outras legendas do nosso campo”, diz nota divulgada após a reunião.

PT, PCdoB e PV continuarão em negociação para formar uma federação, modelo pelo qual partidos podem se unir e atuar como se fossem uma única legenda, mas são obrigados a permanecer juntos por pelo menos quatro anos.

As exigências do PSB para integrar a federação eram as seguintes:

  • na composição da assembleia geral dos partidos da federação, considerar, além do número de deputados eleitos, o número de prefeitos e vereadores eleitos por partido em 2020;
  • manutenção da composição da assembleia geral por quatro anos;
  • direito a veto para partidos que alcançarem 15% de votos na assembleia geral;
  • estabelecer quatro quintos dos membros como maioria qualificada dentro do órgão.

Os partidos iniciaram as negociações em dezembro passado. À época, o PT anunciou a abertura das discussões como um “processo de construção da candidatura” do ex-presidente Luiz Inácio Lula ao Palácio do Planalto.

Mas PT e PSB tiveram divergências em relação a candidaturas regionais — em uma federação, os partidos devem lançar um único candidato. Dirigentes das siglas chegaram a trocar acusações em entrevistas à imprensa.

Em um dos pontos de divergência, petistas do Espírito Santo decidiram lançar candidato próprio ao governo do estado, preterindo o apoio ao atual governador do PSB, Renato Casagrande, em razão de um encontro dele com o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato a presidente pelo Podemos, e de publicações nas redes sociais.

Há outros imbróglios que travam o acordo entre as siglas, que também conversam com PV e PC do B para formar a união de partidos. Entre eles, estão a disputa aos governos do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo, preocupações sobre o cenário nas eleições municipais em 2024.

Apesar dos movimentos, Siqueira afirmou que as discordâncias acerca das candidaturas regionais não influenciaram a decisão do partido.

Segundo ele, a decisão foi tomada por falta de amadurecimento do PSB em relação ao tema.

“São partidos com culturas diferentes que nem sempre estão preparados para andar eleitoralmente juntos neste momento. Mas iremos eleitoralmente em plano nacional e em vários estados”, afirmou Siqueira.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o presidente do PV, José Luiz Penna, afirmaram que, a despeito do anúncio de Carlos Siqueira, as siglas e o PCdoB continuarão a trabalhar para que o PSB faça parte do grupo até o final do prazo de registro da federação no Tribunal Superior Eleitoral (31 de maio).

Agora, de acordo com o presidente do PSB, a conversa entre os partidos deve ser intensificada para a construção de uma aliança em apoio à candidatura do ex-presidente Lula.

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