Lula articula ministério para bancada evangélica com Eliziane Gama como favorita
O presidente Lula prepara um lance estratégico para conquistar a bancada evangélica, considerada um trunfo na articulação política do Planalto. Em jogo está a oferta de um ministério a um representante da Frente Parlamentar Evangélica, e entre os cotados, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) desponta como nome forte, ao lado da deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Na linha de frente das negociações, os ministros Jorge Messias e Alexandre Padilha têm trabalhado para aproximar o governo desse segmento, buscando suavizar tensões sobre temas sociais e educacionais que geraram desconforto com a bancada. Essa aproximação ocorre em um contexto onde críticas por parte de lideranças evangélicas, como o presidente da Frente, Silas Câmara, têm sido contundentes. Câmara declarou que apenas diálogos não são suficientes, cobrando ações efetivas que atendam os valores e interesses do grupo.
Por outro lado, o movimento do governo enfrenta resistências internas, principalmente de parlamentares próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que acusam o Planalto de “manipular a fé” para ganhos políticos. Mas esse discurso encontra dissidências entre os próprios evangélicos: o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), por exemplo, critica o bolsonarismo por “sequestrar” as pautas evangélicas, sem oferecer políticas concretas ao segmento.
Com Eliziane Gama na lista de nomes para o ministério, Lula ensaia uma reconfiguração de forças no Congresso, buscando consolidar a governabilidade com um novo aliado. A expectativa é de que, caso a senadora ou outro representante evangélico assuma o cargo, o governo consiga construir um canal de diálogo que vá além das palavras e inclua ações que contemplem o segmento religioso, sem abrir mão das pautas progressistas.